Não que eu tenha sido arrebatado pelas coisas que cansam. Não que a rotina me tenha destroçado a alma e os riscos e perigos deste plano me tenham consumido em pequenas doses ou mesmo que eu não saiba ser daqui. Mas o que importa? Saber, ter, ser ou mesmo nada disso teria alguma cor distinta das tantas mesmas cores resumidas das superfícies dos corações?
Corações moldados pelas coisas desta vida em caixas. Pacotes herméticos dourados e impecáveis, embrulhados estrategicamente para exaltar o que está dentro e destruir impiedosamente o que não se encaixa em suas vestes cor de sol, com belíssimos adereços escritos, que cintilam e contrastam com o seu "espetáculo de caber": Entrem ou morram.
Morrer sim, talvez seja a mais bela expressão de não-caber. Fora da caixa dos uniformes da existência estão os bichos, os insetos, todos aqueles seres que só se afeiçoam a maravilhosa arte do dia a dia, do presente, do aqui. Todo o sofrimento se resume no minuto, assim como toda a glória da alegria no momento. Não há expectativa, especulação, elucubração nem ansiedade. Há apenas o real!
Aqui é o único e indiscutível lugar que a essência é de fato essencial.
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